quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ata 4 - Bakhtin

Ata da aula ministrada no dia 13/05/2009, pela professora Ludmila Thomé de Andrade.

Por Priscila Lutz.

A aula relatada a seguir teve início as 14 horas e 30 minutos do dia 13 de maio de 2009. Num primeiro momento, fez-se uma breve retrospectiva da aula anterior com o intuito de fixar alguns conceitos básicos do pensamento de Mikhail Bakhtin. Assim, Ludmila T. de Andrade, retornou às primeiras páginas do Livro estudado, Marxismo e Filosofia da Linguagem, onde o autor apresenta sua ideias sobre a função de representação da linguagem, o conceito de signo e de semiótica. Para Bakhtin “tudo o que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia” (Bakhtin, 2004, p.31).
A seguir abordou-se o tema linguagem verbal e não verbal. A filogênese humana é marcada por muitas formas de linguagens não verbais, já que é comprovada a comunicação humana antes do desenvolvimento da fala, indicativo da existência de outros sistemas de signos que davam conta de refletir e refratar a realidade. Segundo o pensamento de Bakhtin o homem é um ser significante, responsável por atribuir significado as coisas e por criar sistemas semióticos de representação. Nas palavras do próprio autor “... todo corpo físico pode ser percebido como simbolo (...) Converte-se, assim, em signo o objeto físico, o qual, sem deixar de fazer parte da realidade material, passa a refletir e a refratar, num certa medida, uma outra realidade” (Bakhtin, 2004, p. 31)
Dessa forma, o sistema de representação humano para Bakhtin o tempo todo reflete e refrata a realidade exterior. Segundo essa ideologia, refletir significa reproduzir e refratar seria reproduzir, alterando o roteiro da comunicação. Portanto, para o linguista, “um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele também reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto de vista específico, etc.” (Bakhtin, 2004, p. 32). Para uma melhor fixação desses conceitos, a professora construiu um pequeno gráfico que tentaremos reproduzir o mais fidedignamente possível, a fim de refletir sem muita refração os conteúdos ministrados.

REPRESENTAÇÃO


Grupo 1
REFERENCIAL
REFLETE

REPRODUZ

Grupo 2
DÊITICA
REFRATA


CONTEXTUALIZA



Assim, enquanto o primeiro grupo representa o sistema lógico, o segundo representa a interlocução, enquanto no primeiro grupo o objeto e o conteúdo do tema é trazido de uma maneira inteira, no segundo, há a cena enunciativa e as relações interpessoais que se passam num determinado momento político, histórico, ou seja, num plano ideológico. Enquanto o primeiro grupo representa o lugar da inscrição, o segundo representa o lugar da ação, da criação.
Segundo a professora, indissociavelmente nessa representação, teremos um outro aspecto, uma outra dimensão abordada por Bakhtin que é a função dêitica[1] [2] da linguagem. Ludmila, então, segue exemplificando: a diretora da faculdade de educação quer escrever uma carta para pedir um determinado material, provavelmente, ela utilizará um modelo pronto que pegará em seu computador, onde somente mudará a data e a assinatura. O modelo da carta representa o grupo 1 e as modificações realizadas pela diretora estão inseridas no grupo 2. Dessa forma, os elementos deiticos seriam os responsáveis por situar o tempo e a pessoa do discurso, viabilizando o processo de comunicação na medida que serve como instrumento de identificação do sujeito significante e refração da realidade, enquadrando, assim, o enunciado, em um determinado momento histórico.
Mas, se a linguagem para Bakhtin encontra-se situada prioritariamente no segundo grupo, há correntes linguísticas opostas, vertentes de estudiosos que acreditam na linguagem lógica, no objetivismo abstrato, na possibilidade de uma referencialidade perfeita, onde a gramática, a sintaxe, a morfologia, etc, seriam elementos capazes de explicar a realidade e como numa fórmula matemática, representar precisamente as leis da natureza. Para Bakhtin, essa linguagem estritamente lógica não seria possível e essa referencialidade perfeita estaria morta, pois não trazendo consigo o momento (tempo), ela não necessitaria ser comunicada. Assim, segundo o autor “ignorar a especificidade do material semiótico-ideológico, é reduzir o fenômeno ideológico, é tomar em consideração e explicar apenas seu valor denotativo racional...” (Bakhtin, 2004, p.40). Adiante, Ludmila cita o exemplo do instrumento foice, que em determinado momento histórico do mundo ocidental virou símbolo de fortíssima significação dos ideais comunistas.
Outro autor levantado nessa aula foi o sociólogo francês Pierre Bourdieu, na tímida tentativa de aproximar suas ideias com as de Mikhail Bakhtin. Bourdieu trouxe em sua obra a noção de subdivisão (campo) social[3] e criou uma teoria estruturalista, onde as relações de poder existentes dentro de determinado sistema social seriam as responsáveis pela organização do mesmo. Outro conceito de Bourdieu levantado pela professora é o conceito de acumulação de capital. Para esse autor, em um sistema estruturalista, seus membros ascendem socialmente na medida que acumulam capital (dinheiro, estatus,etc). Dessa forma, para ele, a organização social seria pautada por critérios acumulativos de classificação. Por exemplo, para Bourdieu, numa sociedade capitalista, um político teria mais prestígio que um professor universitário, que por sua vez, teria mais prestígio que um professor do ensino médio e assim por diante. Portanto, o pensamento de Bourdieur encontra-se com o de Bakhtin na crença da indissociabilidade entre inscrição e ação. Ou seja, para ambos os autores, a realidade só existe e pode ser totalmente compreendida na análise das relações interpessoais.
Em seguida, Ludmila retornou a página 37 do livro estudado para uma explicação mais pormenorizada do conceito de palavra Bakhtiniano. Segundo ela, Bakhtin, ao se referir à palavra como signo por excelência, o faz metaforicamente. É do sistema semiótico verbal que ele esta falando, já que na obra do autor a unidade verdadeira de sentido é o enunciado.
Outro conceito abordado por Bakhtin e trazido à aula foi o da ubiquidade da palavra. Vimos que apesar de existirem sistemas semióticos não verbais, muitas vezes, eles necessitam do sistema verbal para se apoiarem. Por exemplo, ao olharmos um quadro ou escutarmos uma música, sempre acabamos usando o verbal para traduzir nossos sentimentos. Assim, para esse linguista, o verbal acompanha e comenta todo ato ideológico, segundo Ludmila, você não traz esse objeto apenas, esse objeto vem entoado, ela deu como exemplo o palavrão ou a própria prosódia. Portanto, nas palavras do autor:

“É impossível, em última análise, exprimir em palavras, de modo adequado, uma composição musical ou uma representação pictórica (...) embora nenhum desses signos ideológicos seja substituível por palavras, cada um deles, ao mesmo tempo, se apóia nas palavras e é acompanhado por elas, exatamente como no caso do canto e de seu acompanhamento musical” (Bakhtin, 2004, p.38)

É interessante também observar o modo do autor elaborar seus textos, Bakhtin fala por meio de nãos e sempre dialeticamente, sempre em consonância com seu momento histórico traz o que já existe, o que estudou, o que conhece, afirmando e negando a informação o tempo todo, até, finalmente, expor seu posicionamento, ou não.
Adiante, Ludmila aborda a discussão sobre obra literária, lê o primeiro parágrafo da página 40 do livro estudado, onde Bakhtin cita a obra de Rúdin, O Homem Supérfluo. Lembra que Walter Benjamim no texto O Narrador, ataca o gênero literário romance ao dizer que ele é burguês, em sua arquitetura, em sua estrutura. A professora recorda que esse gênero literário espelha bem uma geração historicamente identificada com o mesmo e por esse motivo ele parece ter sido tão evocado nos escritos de ambos autores marxistas.
Falou-se também, sobre os dois ângulos distintos que Bakhtin utilizou ao abordar tal assunto. Um enfoca seu caráter macro (superestrutura) e para o leitor, quando o romance retrata bem uma certa geração, o romance é bom. O romance é visto aqui como representante de uma determinada realidade social. O segundo enfoque seria o micro (infraestrutura), técnico, ou seja, textual, linguístico, estilístico, etc.
Logo a seguir, explicou-se um pouco o conceito de psicologia do corpo social presente nas páginas 42 e 43, para Bakhtin “A psicologia do corpo social não se situa em nenhum lugar “interior” (...) ela é, pelo contrário, inteiramente exteriorizada: na palavra, no gesto, no ato (...) . Trata-se, muito precisamente, das próprias formas de concretização deste espírito, isto é, das formas da comunicação no contexto da vida e atrás de signos.” (Bakhtin, 2004, p.42-43)
A aluna Beth, então, pede a palavra e discursa brevemente sobre o tema inscrição e ação, segundo ela, as posições são os grupos sociais, já a inscrição é um gesto. A posição esta sempre lá e vc apenas se inscreve nela.
Voltou-se então à discussão sobre corpo social. Segue abaixo o resumo de algumas ideias sobre o assunto:

· Não há indivíduo sem o social;
· Tudo o que somos interiormente esta representando o exterior;
· Não há separação entre interior e exterior;
· Você só pensa que você é você por que tem a experiência do social.

Finalizou-se o segundo capítulo do livro lendo um pequeno resumo feito pelo próprio Bakhtin, que se encontra da metade para o final da página 46. A aluna Rosita ainda destacou o conceito de signos defuntos abordado pelo autor, já que para ele “(..) é este entrecruzamento dos índices de valor que torna o signo vivo e móvel, capaz de evoluir. O signo, se subtraído às tensões da luta social, se posto à margem da luta de classes, irá infalivelmente debilitar-se, degenerará em alegoria (...)” (Bakhtin, 2004, p.46). Ou seja, tornar-se-á um signo defunto.
Após o intervalo, dividiu-se a turma em dois grupos. O grupo um ficou incumbido de defender, após pequeno estudo, o tema, subjetivismo idealista, presentes nas pgs. 72 a 77 do livro estudado. O grupo dois ficou incumbido de defender o tema objetivismo abstrato, presentes nas pgs. 77 a 81. Isso por que o subjetivismo idealista e o objetivismo abstrato são duas tendências opostas, conforme veremos a seguir.
Para o subjetivismo idealista a essência da língua está inscrita em sua história, sua fonte é o psiquismo individual. Essa tendência defende que “a língua é uma atividade, um processo criativo ininterrupto de construção (“energia”) que se materializa sob a forma de atos individuais de fala.” (Bakhtin, 2004, p.72). Já para o objetivismo abstrato a língua é imutável, para os defensores dessa corrente, a língua seria como uma equação matemática, não há meio termo, ou é certo ou é errado. Assim, nas palavras do próprio autor “segundo esta tendência, o centro organizador de todos os fatos da língua, o que faz dela o objeto de uma ciência bem definida, situa-se, ao contrário, no sistema lingüístico, a saber o sistema das formas fonéticas, gramaticais e lexicais da língua.” (Bakhtin, 2004, p. 77). Finalmente, a aula terminou as dezessete horas do dia treze de maio de dois mil e nove. Em um primeiro momento, fez-se um estudo mais aprofundado de conceitos essenciais, presentes nos capítulos um e dois da obra estudada, o livro Marxismo e Filosofia da Linguage. A seguir, passou-se ao estudo do capítulo quatro do referido livro e por meio de um pequeno seminário expusemos as duas correntes linguísticas abordadas pelo autor. Espero portanto, que tenha conseguido alcançar o objetivo desta ata e transmitido, nestas quatro páginas, os principais conteúdos ministrados pela professora.

[1] Conforme explicação do prof. Rodolfo Ilari/Unicamp, em seu livro “Introdução à semântica: brincando com a gramática”, chamamos de dêiticas as expressões que se interpretam por referência a elementos do contexto extra-lingüístico em que ocorre a fala. A dêixis diz respeito principalmente às pessoas que participam da interação verbal, ou a lugares e tempos que são localizados a partir da situação de fala. Ela realiza uma espécie de “ancoragem” da fala na realidade. Ocorre sobretudo por meio dos pronomes, dos artigos, dos tempos dos verbos e de certos advérbios. (site: http://aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/?p=311, acesso em 17/05/2009)

[2] Ludmila cita Benveniste, primeiro linguista a produzir estudos relevantes sobre enunciação.



[3] Campo social é definido por Ludmila, como um grupo de pessoas mobiblizadas pelos mesmos interesses.

Ata 3 - Sobre a linguagem geral e a linguagem humana

Ata da aula do dia 15 de abril de 2009, baseada no texto “Sobre a linguagem geral e sobre a linguagem humana”, de Walter Benjamin.

Por Priscila Monteiro Corrêa
A aula teve início com a leitura da ata da aula anterior e foi recomendada a leitura dos textos “Problemas da sociologia da linguagem”, publicado por Benjamin, em 1935, e “O mito do esclarecimento”, de Adorno e Horkheimer, enfatizando-se que Benjamin tem um lado místico que os difere dos outros autores. Ele vinha na contramão do momento que estava vivendo, pois o lado espiritual era negado no mundo moderno.A discussão começou com considerações acerca da linguagem adâmica. O homem define pela linguagem o que a natureza quer expressar. Ao querer conhecê-la, ele é expulso do paraíso e, entre outras coisas, passa a ter de trabalhar. Com isso, passou a ter de nomear as coisas e a natureza, por sua vez, ficou muda. Deus fez as coisas reconhecíveis pelo seu nome. O homem, por sua vez, passou a nomeá-las por seu reconhecimento, ou seja, ele fez uma tradução.
Foi levantada a questão do princípio do verbo, Deus, o entregou ao homem, o que lhe deu a possibilidade de nomear e, com isso, criar, aproximando Seu poder ao poder do homem. Com isso veio à tona a questão da Torre de Babel, que levou a um não entendimento, em função das diferentes possibilidades de criação humanas.
Benjamin, neste texto, traz outras vozes. Ele aborda a questão do “médium-espiritual”, aquele que incorpora o outro, que se manifesta através dele. A linguagem é a manifestação das coisas do outro. Comentou-se que Benjamim parece colocar a linguagem acima das coisas em si. A natureza é parcialmente comunicável. A mediação é a linguagem, não a coisa. O que é comunicável é a essência espiritual.Estas discussões remeteram à obra de Magritte, “isto não é um cachimbo”, que inicia o Surrealismo. O que comunica é aquilo que se tornou linguagem, se tornou essência, porque se tornou linguagem. O essencial é o possível de ser comunicado.
Com relação ao imediatismo (aqui e agora), Benjamin se aproxima do que Bakhtin vai chamar de acontecimento, sendo que o primeiro é mais filósofo e menos sociólogo que o segundo. Para Benjamin, o tempo é saturado de agoras. Ao mesmo tempo é histórico, pois passado, presente e futuro se entrecruzam. Quando o imediato, o agora, é atualizado, tem-se um momento criativo, inédito. Neste texto, Benjamin traz a saturação do agora. Para ele, “a verdade é sempre passageira”. A verdade é um lampejo que clareia e entra novamente na escuridão. É possível ver a realidade por um breve instante. Benjamin joga com as palavras: na parte se pode ver o todo, por isso o fragmento também traz uma totalidade.
Benjamin não separa nome e palavra. Nomear é designar. Em um dado momento, o designar se perde, passa a ser comunicação dentro de uma circulação social empobrecida. As crianças, como os artistas, conservam o poder nomeador. Foi citado como exemplo disso um dos livros de Daniel Munduruku sobre a designação dos nomes nas tribos indígenas. Quando se designa algo que se cria, se nomeia.
Voltando à questão da mudez da natureza, destacou-se a polifonia das diferenças. Como é jogada no sujeito a possibilidade de designar, a natureza não fala mais por si, carregando a tristeza de ser falada pelo outro. Deus criou, o homem designou e Deus passou a ser receptor daquilo que ele criou e o homem designou. A designação é uma criação humana. A palavra tem um poder tão grande que Deus chega a ser receptivo a ela. Com isso, o homem vira uma espécie de Deus.
Voltando à questão da mudez da natureza, destacou-se a polifonia das diferenças. Como é jogada no sujeito a possibilidade de designar, a natureza não fala mais por si, carregando a tristeza de ser falada pelo outro. Deus criou, o homem designou e Deus passou a ser receptor daquilo que ele criou e o homem designou. A designação é uma criação humana. A palavra tem um poder tão grande que Deus chega a ser receptivo a ela. Com isso, o homem vira uma espécie de Deus.Para abordar o sentido semântico do mundo físico, foram lidos dois fragmentos do livro Infância em Berlim, no qual Benjamin fala de suas memórias. Os objetos são aquilo que são, mas também são outra coisa. Também foi lembrado o livro A importância do ato de ler, no qual Paulo Freire afirma que as primeiras palavras são os objetos e as coisas, a partir dos quais se faz a “leitura do mundo”. Lembrou-se ainda de Os jovens infelizes, de Pasolini, que trata das diferenças entre gerações. A cortina da casa do personagem era para ele o símbolo da burguesia em que fora criado. Algumas coisas marcam as crianças como uma tatuagem.Qual é o espaço de criação dos sujeitos em formação? Há diferentes abordagens. O homem é um ser que significa, mas o faz em uma determinada direção. A palavra é desprestigiada quando passa por uma comunicação. Na psicanálise, por exemplo, há significação, mas não necessariamente por palavras. Para Bakhtin, a palavra importa enquanto signo ideológico, porque altera o outro. Benjamin vê o mundo social na materialidade da natureza. Bakhtin o vê pelo fato de um homem alterar o outro. Benjamin relaciona a Filosofia com a Literatura. Bakhtin, pelo fato de ser lingüista, trabalha mais especificamente com a língua. Benjamin critica a sociedade e o mundo moderno. Bakhtin fala do homem palpável, em relação. Para Bakhtin, estar dentro da língua é uma questão social. Benjamin, por sua vez, a trata de maneira mais significada, profunda.Foi relembrado o conceito de experiência abordado por Benjamin em “O narrador”. O sujeito, mesmo concreto, tem a ver com a experiência do homem na história. A linguagem é tratada como experiência. É na linguagem que a gente se coloca, é nela que o homem é mais concreto.Em “O narrador”, Benjamin fala do romance, faz críticas a ele, pois o considera um símbolo da burguesia. Bakhtin, por sua vez, prefere a prosa, por ser para ele mais dialógica. Benjamin tem uma visão burguesa do romance. Trata-se de uma leitura individual que, por isso, não toca o outro. Ele critica a coisa fechada e acabada para defender a narrativa em seu caráter de continuidade. A crítica maior é à forma de ler o romance e não ao romance em si. O narrador do romance não dá conselhos, não dialoga, não continua. A leitura aqui cria elos entre as pessoas, o que também pode ser feito com o romance, ele pode ser objeto de circulação coletiva, pode produzir coletividades.
Foi proposta uma discussão acerca das questões relacionadas à arte e à leitura na escola. O primeiro tópico abordado foi o fato de a indústria cultural ter entrado na esfera do consumo. Em seguida, foi feito um relato que evidenciou que a escola não deixa a criança sentir. Essa é uma cultura escolar já posta. Com isso lembrou-se de trabalhos de Graça Paulino nos quais ela aborda o trágico na contemporaneidade. Parece que queremos tirar o sofrimento, as frustrações, deixar o mundo asséptico.A leitura na escola é atravessada pela ideologia do prazer, mas nem toda leitura é prazerosa, ela não é boa em si. A leitura literária é um encontro consigo mesmo que pode ser terrível. Já a leitura não literária produz um prazer laborioso, de ter feito um esforço. Quando a literatura faz alguma diferença, ela perde a aura, ganha outra dimensão.
A seguir, foi contada outra experiência escolar que enfatizava a idéia de que, nesse espaço, tudo deve ser prazeroso, dessa vez vinculado à escrita. O professor sabe que é difícil ler e escrever, mas acaba incorporando o discurso da escola.
Foi relatada ainda mais uma experiência, essa em torno da literatura. Quando disciplinarizada, ela deixa de ser o que é, emoção. A partir dessa questão foi indicado o livro A literatura em perigo, de Todorov.No momento seguinte da aula, foi proposta uma retomada dos principais temas abordados por Benjamin nos textos que lemos.
O primeiro deles foi em relação à origem da linguagem – entre gestos e sons. O gesto é anterior ao som, que é representação. Para Vygotsky, “a escrita é um gesto no ar”. Nesse ponto ele se aproxima de Benjamin. É possível pensar também em uma aproximação entra Bakhtin e Benjamin, já que aquele considera o “extra-verbal”, enquanto este afirma que o gesto nunca abandonou a palavra.
O segundo ponto tratado foi a linguagem mimética, abordada em “A doutrina das semelhanças”. A escrita é um arquivo de semelhanças de correspondência extra-sensível. A semelhança, por sua vez, é criada em algo que se replica. O texto é o fundo do qual emerge o futuro e o destino.O terceiro e último ponto discutido foi a linguagem na modernidade, que aparece em diferentes textos. Neste ponto é importante destacar a historicidade, já que Benjamin se refere ao homem situado. Em “O narrador”, fica claro que o sujeito se perde, porque não tem a quem contar nem a quem ouvir. Edmir Perrotti foi lembrado por discutir o silenciamento das crianças. Também tratou-se da possibilidade de dizer do artista. A arte é aquilo que nos acontece. Durante muito tempo vozes fora silenciadas. Nesses espaços, a arte, sempre situada, tem o lado da busca de uma sensibilidade.
Neste ponto também foi discutido o conceito novo e positivo de barbárie proposto por Benjamin, com seu “marxismo da melancolia”. A perda da narrativa, da alma, se aproxima e se afasta da antiga barbárie. O conceito de barbárie positiva é fruto do processo civilizatório que quis combater a própria barbárie. É positiva porque a pobreza de experiência impede o homem de ir em frente e construir o novo com o pouco que tem. A arte contemporânea provoca estranhamento, porque traz de forma crua elementos e sensações. Ficamos sem saber se gostamos disso ou não.
Benjamin foi um homem impregnado de seu tempo. Quarenta anos depois de sua morte ainda tem muito a dizer em relação à linguagem instrumental e da informação, à destituição do sujeito, à importância da tradição e da narrativa entre muitas outras coisas.

Ata 2 - A doutrina das semelhanças

“A doutrina das semelhanças”, por Rosita Mattos.

A professora Patrícia leu fragmentos dos artigos: “Visão do livro infantil”, escrito por Benjamin em 1922 e “Rua de mão única”, 1926-1928. O início da aula anunciava a sua conclusão. A forma como Benjamin apresenta no primeiro texto o modo como as crianças leem é quase uma resposta a reflexão que propõe em A doutrina das semelhanças - “deve-se refletir ainda que nem as forças miméticas nem as coisas miméticas, seu objeto, permaneceram as mesmas no curso do tempo; que com a passagem dos séculos a energia mimética e com ela o dom da apreensão mimética, abandou certos espaços, talvez ocupando outros.” No segundo, ele parece observar uma criança que brinca de esconder “... e por detrás de uma porta ela própria é a porta...”. Em A teoria das semelhanças, Benjamin diz que as brincadeiras infantis constituem a escola das capacidades miméticas.
Ao falar sobre as semelhanças, Benjamin afirma que é o homem que tem a capacidade suprema de produzir semelhanças e que “talvez não haja nenhuma de suas funções superiores que não sejam determinadas pela capacidade mimética” e ainda, que é na brincadeira infantil que a faculdade mimética pode ser observada. Este comportamento não se limita apenas a reproduzir o comportamento adulto. A faculdade mimética tem como característica a capacidade de reconhecer e reproduzir semelhanças. Difere-se da imitação porque não é propriamente uma réplica, mas uma forma de reelaboração. “Os jogos infantis são impregnados de comportamentos miméticos, que não se limitam de modo algum à imitação das pessoas” (pag. 108).
Para avaliar o significado do comportamento mimético, afirma que o sentido contemporâneo do conceito de semelhança não basta. A experiência da semelhança do homem de hoje é muito diferente de outrora. Benjamin pergunta se o dom da apreensão mimética não abandou certos espaços e passou a ocupar outros. Se esta capacidade se extinguiu no homem moderno ou se ela se transformou. Traz a astrologia como um exemplo para se compreender o conceito de uma semelhança não física (extra-sensível) e acrescenta outra particularidade na esfera do semelhante, que é a rapidez com que ela se revela, num relampejar. Retomando a idéia de que a inteligência mimética desapareceu de certos campos para ressurgir em outros, traz a linguagem como um “cânone que nos aproxima de uma compreensão mais clara do conceito de semelhança extra-sensível” (pág 110).
A linguagem teria surgido da mímica gestual, já que o primeiro desejo de comunicação com o outro foi através da mímica. “Mas na gênese da linguagem, coube ao comportamento imitativo o lugar de elemento onomatopaico”. O som acompanhava a mímica e, aos poucos, foi se tornando predominante por ser mais econômico que a mímica. A fala imitaria o gesto. Benjamin é contra a teoria onomatopaica da linguagem. A linguagem não surge pela imitação, mas sim pela semelhança de seus significados. Palavras diferentes se assemelham em seu significado. “É, portanto, a semelhança extra-sensível que estabelece a ligação não somente entre o falado e o intencionado, mas também entre o escrito e o intencionado, e entre o falado e o escrito. E o faz de modo sempre novo, originário, irredutível” (pág 111).
Para Benjamin, a mais importante destas ligações deve ser a existente entre a fala e a escrita, pois a semelhança entre a fala e a escrita é, entre todas, a mais extra-sensível. E segue afirmando que “o contexto significativo contido nos sons da frase é o fundamento a partir do qual a semelhança emerge num instante, como um relâmpago”. Assim, os antigos brincavam com as palavras e acreditavam que elas mudavam o mundo, “Abre-te Sésamo”. A palavra instaura a realidade e tem o poder de mudá-la.
O dom mimético permitia ao astrólogo ler o destino à partir da posição das estrelas no céu. A possibilidade desta primeira leitura, o seu significado profano e mágico, ainda não desapareceu de todo. A capacidade mimética do homem antigo perpetua no homem moderno através da linguagem,“...foi à escrita e à fala que a clarividência, ao longo da história, cedeu as suas antigas forças.”
Ao afirmar que é pela linguagem que as capacidades primitivas de se perceber as semelhanças penetram, ao dar à linguagem este aspecto místico, Benjamin faz uma crítica ao mundo moderno, que quer explicar tudo pela lógica formal. Também chama a atenção para a dimensão temporal em que as semelhanças irrompem. Sendo assim, é preciso cuidar da velocidade na leitura ou na escrita, o que ele chama de “ritmo”. É precioso tempo para observar um texto e o que a leitura revela, reinventar o que está ali e resgatar a significado mágico da leitura, para o leitor não sair de mãos vazias.
“Que se indique quatro ou cinco palavras determinadas para que sejam reunidas em uma frase curta, e virá á luz a prosa mais extraordinária: não uma visão panorâmica do livro infantil, mas um indicador de caminhos. De repente as palavra vestem seus disfarces e em um piscar de olhos estão envolvidas em batalhas, cenas de amor e brigas. Assim as crianças escrevem, mas assim elas também lêem seus textos” (1926).

Referências:
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas, v.I. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 2008.

Ata 1 - A obra de arte na era de sua reprodutividade técnica

Ata da aula: 01/04/09 – por Irene de Barcelos Alves
Texto: A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica de Walter Benjamin
Preliminares:
*Apresentação da Profª Ludmila Thomé de Andrade, que regressou do seu pós-doutorado na França e ministrará a disciplina junto com a Profª Patrícia Corsino.
*Informe sobre o blog da disciplina.
Pontos abordados:
-As diferenças entre as diversas versões dos textos de Benjamin, como o acréscimo da citação de Paul Valéry na abertura do texto na edição de Os Pensadores.
-A comparação da forma textual presente na obra em questão com O Narrador. Enquanto o primeiro se apresenta fragmentado, o segundo vem na forma de um texto corrido. Mesmo assim é possível se perceber o estilo de Benjamin ao retomar, ao longo do texto, idéias que já foram abordadas, acrescentando novos aspectos, desenvolvendo assim um constante ir e vir.

Foram destacadas as idéias:
-A arte é coletiva, não individual. Ela é a presença do contemporâneo, na medida em que está carregada da subjetividade da sua época. Reforça a idéia de que o mundo objetivo é ideológico.
-A arte como expressão da linguagem e do sujeito da linguagem, capaz de alterar o outro e se alterar.-Reprodutibilidade técnica e autenticidade, onde Benjamin inicia o tópico “Em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível” (Benjamin, 1994, p.166). Foi apresentado pela Profª Patrícia o exemplo de um livro que discutia a autenticidade de algumas obras atribuídas à Aleijadinho, uma vez que este trabalhava com sistema de oficina onde outros artistas desenvolviam atividades. Foi abordado o impacto dessa revelação sobre os valores das obras de Aleijadinho no mercado de artes.No caso da fotografia, abordado no texto, a reprodutibilidade técnica muda a relação da obra com a autenticidade ao ampliar a possibilidade de sua existência, ao “substituir a existência única da obra por uma existência serial” (Benjamin, 1994 p.168). Por outro lado, esse avanço técnico possibilita uma popularização da obra de arte – aquilo que era para poucos, hoje é para muitos. Restando a pergunta: o que se perde, o que se ganha?
Destruição da auraFoi percebido um certo tom pessimista nesse trecho, mas por outro lado, Benjamin chama à atenção para o surgimento de uma nova linguagem – outra forma de percepção.Ao mesmo tempo que a arte se torna instrumento de afirmação dessa sociedade capitalista, a sua popularização dá espaço para uma maior liberdade na sua apropriação.Alguns conceitos marxistas foram resgatados pela aluna Glória, como o fetichismo da mercadoria, onde ao valor de uso é acrescido o valor simbólico. Além disso, resgatamos o posicionamento dos pensadores marxistas acerca de um compromisso com os movimentos contra hegemônicos.Também foram discutidos os conceitos apresentados na introdução, onde Benjamin retoma a idéia de que as alterações na base econômica vão alterar, mesmo lentamente, a superestrutura. Nesse caso, Benjamin situa as observações de Marx, num contexto de ascensão do fascismo, quando vai ocorrer a apropriação da arte como instrumento de combate político.
*A seguir foi exibido um trecho do filme ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO, do diretor Peter Cohen, que mostra a trajetória e o envolvimento de Hitler e de alguns de seus colaboradores com a arte. Destaca ainda a importância da arte na propaganda. Apresenta a arte moderna como degenerada, relacionada ao bolchevismo e aos judeus. Defende o ideal de beleza como sinônimo de saúde e consequentemente prega a eliminação de todas as doenças que pudessem deformar o "corpo" do povo, o embelezamento é vinculado diretamente à limpeza.

Referências:
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.165-196.

Texto complementar:JAMESON, Fredric. Pós-Modernidade: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1997.

17/04/09 - Sugestões de links

Olá, pessoal! O links abaixo dão acesso aos nossos estudos sobre Benjamin (assuntos dos dois primeiros encontros), que foram apresentados em forma de power point pela professora Patrícia Corsino. Os arquivos estão disponíveis em arquivos PDF, uma vez que são extensos e o blog não possui ferramentas para incorporá-los nas suas próprias páginas de acesso.

1) Benjamin, Bakhtin e Vygotsky - Introdução:

http://sites.google.com/site/concepcoesdelinguagem/Home/TRANSP.pdf?attredirects=0

2) Experiência e Pobreza:

http://sites.google.com/site/concepcoesdelinguagem/Home/concepcoes.pdf?attredirects=0

IMPORTANTE!!!

Não teremos aula dois dias seguidos: 22 e 29/04. Retornaremos com Bakhtin no dia 06/05, capítulos 1 e 2 do livro Marxismo e Filosofia da Linguagem. Até lá!

06/04/09- Notas

Olá! O primeiro encontro da disciplina ocorreu no dia 18/03/09. Nesta aula introdutória, ministrada pela professora Patrícia Corsino, a turma pode se conhecer, conversar e trocar informações sobre os campos de pesquisa e interesses individuais. Alguns tiveram, nesta ocasião, o primeiro contato com as concepções teóricas de Bakhtin, Benjamin e Vygotsky; outros puderam tirar dúvidas em relação a um autor específico e até conhecê-lo melhor. Neste dia, algumas transparências foram apresentadas pela professora Patrícia. Resumidamente, apresentavam a biografia de cada autor e informações sobre as suas obras. Eis as minhas anotações:


Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975), linguista russo, discute a linguagem por meio de conceitos fundamentais, como o dialogismo, a polifonia e a polissemia, defendendo que a realidade fundamental da língua só se dá através do fenômeno social da interação verbal;

Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934), psicólogo bielo-russo, dialogou com a Psicologia ao idealizar uma nova teoria de desenvolvimento cultural do homem por meio do uso de instrumentos, onde a linguagem representa o instrumento do pensamento e é a principal mediadora na formação das funções psicológicas superiores;

Walter Benjamin (1892-1940), filósofo alemão, foi um crítico ativo da modernidade. Nos seus textos, percebemos a combinação entre melancolia e otimismo diante da perda da experiência pelo homem do período entre-guerras, sendo que Benjamin será o primeiro autor a ser estudado mais profundamente.

De um modo geral, esses estudiosos criticam as interpretações positivistas e estreitas do marxismo, abrem uma perspectiva histórica, humana e dialética da linguagem e possibilitam ampliar o espaço da interdisciplinariedade na educação, incorporando outras formas de conhecimento além do lógico e do racional, valorizando e também propiciando novas concepções sobre a estética, a ética e a afetividade.

Algumas leituras foram sugeridas para aprimorar os nossos estudos sobre Benjamin:


BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas, v.I. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 2008.
BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas II: rua de mão única. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 9-70.
BENJAMIN, Walter. Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política. Pref. Theodor W. Adorno. Lisboa: Relógio d`Àgua, 1992.
KONDER, Leandro. Walter Benjamin: o marxismo da melancolia. São Paulo: Civilização Brasileira, 1999.
PARINI, Jay. A travessia de Walter Benjamin. São Paulo: Record, 1998.


No próximo encontro discutiremos os textos “O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov” (Benjamin, 2008: 197-221) e “Experiência e Pobreza” (Benjamin, 2008: 114-119).

Programa da disciplina



UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO


DISCIPLINA: Tópicos especiais - Concepções de linguagem em Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin e Lev Vigotski.

PROFESSORAS: Patrícia Corsino e Ludmila Thomé de Andrade

HORÁRIO: quartas-feiras das 14:00 h às 17:00 h


EMENTA:

Linguagem, história e experiência: Walter Benjamin. A linguagem como constituinte do sujeito: conceitos-chaves da teoria da enunciação de Mikhail Bakhtin. Pensamento e linguagem em Lev Vigotski. Articulações destas teorias com o cotidiano da Educação Básica e com o ensino de língua materna.


OBJETIVO GERAL:

Conhecer e discutir as concepções de linguagem em Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin Lev Vigotski e suas articulações com a Educação. Alguns pontos em comum dos três teóricos:


- Criticam as interpretações positivistas e estreitas do marxismo;

- Abrem uma perspectiva histórica, dialética e humana da linguaguem;

- Afirmam a linguagem como expressão, dando ênfase ao riso, às lágrimas, à imaginação criadora, à emoção, à relação viva com a língua, indo além do signo arbitrário e considerando os ditos e o não ditos, os gestos, os acentos apreciativos;

- Negam a linguagem instrumental,cristalizada, vista como meio, monovalente.

- Possibilitam ampliar o espaço da interdisciplinaridade na educação, incorporando outras formas de conhecimento além do lógico e do racional;

- Propiciam pensar a estética, a ética e a afetividade;



METODOLOGIA de trabalho:As aulas terão a seguinte estrutura:

1- Informes sobre o Blog e outros assuntos;

2- Leitura das atas e retomadas das questões da aula anterior;

3- Discussão do texto indicado para leitura – problematização e articulações com a Educação .Além dos textos de referência, serão utilizados textos complementares, fragmentos de filmes e de textos literários, fotografias, reproduções de obras de arte, entre outros.

AVALIAÇÃO

- Leitura e discussão dos textos indicados para cada aula;

- Escrita de uma ata a ser lida na aula seguinte à discussão;

- Entrega da ata para ser postada no blog;

- Escrita de um texto reflexivo sobre um dos autores ou sobre questões abordadas na disciplina, em formato de sessão de dissertação ou tese.
CRONOGRAMA


1- 11/03- Introdução às obras de cada um dos autor


2- 18/03- Benjamin, “Experiência e Pobreza


3- 25/03-Benjamin, “O Narrador”


4- 01/04- Benjamin, “A obra de Arte na era da reprodutividade técnica"

5- 08/04-Benjamin, “Doutrina das Semelhanças

6- 15/04- Benjamin, “Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana

7- 29/04- Bakhtin, Capítulos 1, 2 e 3 de Marxismo e Filosofia da Linguagem

8- 06/05- Bakhtin, Capítulos 5, 6 e 7 de Marxismo e Filosofia da Linguagem

9- 13/05- Bakhtin, Capítulo 9 de Marxismo e Filosofia da Linguagem


10- 20/05- Bakhtin, “O problema do texto na lingüística, na filologia e em outras ciências humanas” de Estética da criação verbal


11- 25/05- Vigotski, Capítulo de A construção do pensamento e da linguagem

12- 03/06- Vigotski, Capítulo de A construção do pensamento e da linguagem

13- 10/06- Vigotski, Introdução de P. Bezerra e mais um capítulo de Psicologia da Arte

14- 17/06- Vigotski, La Imaginacion y el arte en la infancia


15- 24/06- Apresentação oral de trabalhos a escrever


BIBLIOGRAFIA

BAKHTIN, Mikhail (Volochinov).Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 1992a.
BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura e de Estética. São Paulo: UNESP,1998.
BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984.
BENJAMIN, Walter. Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana. In Sobre Arte, Técnica Linguagem e Política. Lisboa: Antropos, 1992, p177-197
BENJAMIN, Walter. Questões de Sociologia da Linguagem. In. Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política. Lisboa: Antropos, Relógio D’Água Editores, 1992.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutividade técnica In. Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política. Lisboa: Antropos, Relógio D’Água Editores, 1992.
BENJAMIN, Walter. Doutrina das Semelhanças. In: Obras Escolhidas vol. I. magia e ténica , arte e política. São Paulo: Brasileiense, 1993a, p.108-113.
BENJAMIN, Walter. Experiência e Pobreza. In: Obras escolhidas vol. I: magia e ténica , arte e política. São Paulo: Brasiliense,1993 a, p.114-119.
BENJAMIN, Walter. O Narrador. In Obras escolhidas vol. I: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense,1993 a, p.197-121.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: Obras escolhidas vol. I: magia e técnica , arte e política. São Paulo: Brasiliense,1993 a, p. 222-234.
BENJAMIN, Walter. Rua de Mão Única. In Obras Escolhidas vol. II. São Paulo: Basiliense, 1993b, p.9-70
BENJAMIN, Walter. Infância em Berlin. In Obras Escolhidas vol. II. São Paulo: Brasiliense, 1993b, p.71-142
BENJAMIN, Walter. Imagens do Pensamento. In Obras Escolhidas vol. II. São Paulo: Brasiliense, 1993 b, p. 143-274.
BRAIT, Beth.(org). Bakhtin:conceitos-chaves. São Paulo: Contexto,2005.
BRAIT, Beth.(org). Bakhtin: outros conceitos-chaves. São Paulo: Contexto,2006.
CORSINO, Patrícia. Infância e linguagem em Walter Benjamin. In: Kramer e Souza (orgs). Itinerários de Walter Benjamin. Rio de Janeiro: PUc/Contraponto,2009 (no prelo).
FARACO,TEZZA,CASTRO(orgs). Diálogos com Bakhtin. Editora da UFPR, 1996.
FARACO, TEZZA,CASTRO(orgs). Vinte ensaios sobre Mikhail Bakhtin. Petróplis: Vozes, 2006.
FREITAS, Maria Teresa. Vygotsky e Bakthin-Psicologia e Educação: um intertexto. São Paulo: Editora Ática, 1994.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Walter Benjamin: os cacos da história. São Paulo: Editora Brasiliense,1993.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2004.
JAMESON, Frederic. Pós-Modernismo: a lógica do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1997.
KONDER, Leandro. Walter Benjamin: o marxismo da melancolia. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
KONDER, Leandro. Max: vida e obra. 4a edição. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1981
KONDER, L. Ideologia na Linguagem: a reflexão de Benjamim. In Revista Palavra 2, Rio de Janeiro: Departamento de Letras, PUC- Rio, 1994,p.19.
KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. São Paulo: Ática, 1993.
PONZIO, Augusto. A revolução bakhtiniana.São Paulo: Contextyo, 2008.
SOUZA, Solange Jobim e. Infância e linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas, SP: Papirus, 1994.
VIGOTSKI, L. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes
VIGOTSKI, L. Pensamento e Linguagem São Paulo, Martins Fontes, 1992.
VIGOTSKI, L Psicologia da Arte. São Paulo: Martinsd Fontes, 2001.VYGOTSKY, Lev. La imaginacion y el arte en la infância. México: Hispanicas,1987.